MADEIRO DA IGNOMÍNIA!

Ás árvores, em sua maioria nas florestas, tem o cerne endurecido e compacto, mormente, as consideradas como madeira de Lei, porém, todas elas, em seus nascedouros, medram como estiletes entre os torrões, ao rés-do-chão.Elas vão, num crescente na vertical, enfrentando as tormentas das fortes chuvas, só vergando um pouco ante os vendavais, por não terem, ao redor, as gavinhas protetoras.A árvore, com sofreguidão, retira o seu alimento da terra ao seu redor, todavia, com a fronte sempre erguida e altiva, mirando a abóboda celeste e, mantendo as suas raízes fortes no solo.O seu porte ampara aos viandantes sedentos, os acolhendo à sua sombra, sem nada lhes cobrar.Sobrevivem a muitos incêndios, recebendo várias lesões em suas arestas, também vencem as geadas de muitas estações.MAS...São derrotadas pelo machado, manejado com maestria, por um voraz decepante, caindo a fio comprido, seccionada de suas raízes, em um dia nebuloso, frio e... Cruel à sua extinta vida!As suas extremidades são amputadas, reduzindo-as a toras irregulares, longarinas estreitas das carências dos homens que a exploram.Oh! Madeira de honorável espécie, agora, lhe transformaram em... Lenha para as fornalhas de alguém! Porém, há séculos passados, para a nossa vergonha, uma sua antecedente, decepada por um machado de pedra, foi transformada em Cruz! Para o suplício de... Jesus!
A seguir, um poema de minha autoria inédita e correlata ao texto:
A CRUZ!
Oh! Lenho de cerne rijo,
Madeiro da mais pura!
Ainda ontem... Pequenino,
Medravas entre os torrões!
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Crescestes mui a prumo,
Enfrentando as intempéries,
Só vergando-te aos vendavais
Por não possuíres gavinhas.
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Sugavas o alimento da terra
Com voraz sofreguidão,
Fronte altiva olhando o sol,
Fortes raízes no chão.
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O teu porte inebriava
Os viandantes sedentos,
Acolhendo-os à tua sombra
Sem cobrar emolumentos.
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Sobrevivestes às queimadas
Com pouquíssimas lesões,
Vencestes muitas geadas
De inúmeras estações.
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Mas... Não vencestes o machado,
Manejado com maestria!
Caístes a fio comprido
Numa tarde nebulosa e fria!
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Serraram tuas extremidades
Transformando-te em tora,
Longarinas das necessidades
Lucro do homem que te explora.
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Oh madeiro de mui qualidade!
Agora, transformado em cruz.
Para vergonha da humanidade:
Foste o holocausto de... Jesus!
Sebastião Antônio Baracho.

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