DESLOCAMENTOS ARREDIOS!

Estava absorto na movimentação ao meu derredor, um pouco mais elevado do que os meus circunvizinhos e, observava todo o deslocar das pessoas por uma avenida plana e bastante larga. Os encontrões era uma constante, com reclames variados e, às vezes, veementes! De quando em vez, alguém esbarrava no mais próximo, jogando ao chão, mercadorias por ele conduzidas, porém, só ouvia xingamentos, quando um era mais forte do que o outro ou, estava em trajes mais apurados.
A cada passar de uma donzela de beleza estonteante e vestes reduzidas, a mostrarem as suas cochas e parte do seu busto, os acotovelamentos se multiplicavam, todavia, sem nenhuma reclamação e, com os observadores não dando a mínima aos encontrões e esbarrões dados e, recebidos, como se não pudessem desviar os olhos da beldade passante e, o resvalar forcejante contra si, fosse de nenhuma importância nem merecedora de nenhum reparo ou reprimenda.
A todo o momento, via pessoas bem trajadas, com as mãos nos bolsos ou, a apalpá-los, como se estivessem transitando entre ladrões ou descuidistas de plantão.
Enquanto a multidão citadina percorria na avenida, em ambos os sentidos em relação à minha posição ascendente elevatória, passei a matutar, amadurecendo na minha mente, o que, até então, tinha observado. Após uma ligeira análise observativa, cheguei à conclusão de que, algumas das razões de tantos encontrões e esbarrões entre os transeuntes, são, resumidamente, as seguintes:
—Vários conhecidos meus, aposentados por incapacidade física, dirigindo automóveis ou similares, inclusive, fazendo propagandas comerciais ou políticas, com a seqüente debilidade que lhe dera a... Aposentadoria!—Numa das esquinas da avenida, uma casa de jogos proibidos (Bingo etc), com os apostadores ocupando, também, as calçadas da rua e avenida em foco, inclusive, ocupando–as com mesas e cadeiras.—Pessoas, a assuarem, freqüentemente, o nariz, vendendo, ostensivamente, maconha, cocaína e outros tóxicos proibidos, com olhares matreiros à procura de fregueses ou, para a fuga! Ante um policial nas imediações.—Calçadas ocupadas por mesas e cadeiras e, até, mercadorias diversas, como se fosse uma dependência dos seus proprietários.—Homens, desajustados moralmente, a darem apalpadelas ou beliscões nas nádegas das mulheres que passam por eles, causando, com isso, tumulto, com o repúdio das suas vítimas.—Mendigos nas calçadas, envoltos em trapos e com fome aparente, dificultando a passagem livre, porém, lamentavelmente, recebendo o descaso até de clérigos, párocos e chefes religiosos, pessoas essas que, por amor a Deus, poderia dá-los guarida.—Crianças vadias, ociosamente, a perambular entre uma muralha de pernas adultas e, apressadas dos transeuntes.—Veículos automotores, acintosamente, sendo conduzidos em desobediência às Leis de Trânsito e, em desrespeito aos passantes.—Alguns postes com iluminação pública deficiente, paga pelos proprietários ao longo da avenida e ruas, com os provedores da energia elétrica, deixando no lusco-fusco, como se as lâmpadas fracas estivessem de acordo com o anoitecer.—Calçadas sem o prolongamento longitudinal e, com pisos irregulares, dificultando os estacionamentos e/ou parada dos veículos e, o trânsito das pessoas, no acúmulo dos seus movimentos difusos ou disformes!
Nesta altura da minha observação analítica, resolvi descer do meu provisório pedestal e, me imiscuir com os transeuntes, seguindo em direção da minha moradia, em outra artéria e caminho, na certeza de que não seria atropelado pela massa popular dos passantes, em razão de, seguir em frente! Baseando-me no que aprendi na análise feita e... Observada de antemão!
Sebastião Antônio Baracho